Para refletir...

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quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Letícia (Parte 2)

Emergidos em SMSs, mensagens, e-mails e outros e, em meados de janeiro do ano seguinte, consegui novamente férias, juntamente na mesma época de Letícia. A verdade é que tive de fazer milagre para conseguir isso, pois os dias não bateriam com o da moça. Ora, eu, já homem, trabalhando estava tendo atitudes de adolescente perante a uma moça de 21 anos.
Mas que azar! Logo na primeira semana, tive problemas de assistência técnica com a internet e perdi quase todo o contato com Letícia, salvo sob as mensagens de telefone celular, que também eram poucas.
Com aquele ar misterioso de menina mulher, Letícia me contou que tinha algo a me dizer, mas que deveria ser só pela internet. Meus joelhos ficaram bambos e os músculos das coxas tremiam como se estivesse no corredor da morte. De maneira não-imaginável, logo previ que poderiam vir boas notícias. E se estas fossem as que eu tanto queria...
Anciosamente, corria atrás de assistência, mas final de ano e início de ano é realmente um caos. Parece que tudo para no mundo. Enfim...
Consegui. No primeiro momento possível, entrei e, logo nos primeiros contatos do mensageiro eletrônico, estava ela lá: Letícia. E sua mensagem pessoal dizia: “I’m falling Love with you...”
Bambo e sem reação, mandei a primeira mensagem no PVT. E logo fui atendido.
Entre conversas jogadas fora na busca de notícias um do outro, veio a tão esperada notícia...
Confesso que meus olhos derramaram meia dúzia de lágrimas ao saber que nada daquilo era pra mim e sim para um rapaz que havia conhecido no curso de Engenharia na Faculdade. Foi um lance um pouco estranho, mas pelo que entendi bem, Letícia havia conhecido o moço em uma dessas festas de confraternização que todo mundo faz. Acho que pela carência, ou talvez por vontade mesmo, Letícia começara um relacionamento com o gajo que, diga-se de passagem, era mais bonito que eu. E devo admitir que ele era BEM mais bonito que eu.
Me senti um grande lixo. Um otário. Senti-me como enganado, mesmo sabendo que toda aquela ilusão era minha e, somente minha. Aquela hipótese de ter sido um pseudo-amigo gay ou apenas um amigo confidente era muito plausível agora.
Mas não podia estragar a felicidade de Letícia. Aliás, eu me sentiria mais ridículo ainda se dissesse toda a verdade a ela. Ninguém sabia disso! Nem amigos, nem ela, nem ninguém... Um pseudo-amor platônico. Talvez apenas desejo ou carência minha mesmo.
Fingi-me de sensato e a apoiei com tudo aquilo.
Os dias que sucederam aquele, foram de tédio. Parei de entrar um pouco na internet e dormia a maior parte do dia. O que eu mais gostava de fazer que era ver seriados, também deixei de lado. Não tinha paciência pra nenhum tipo de história que desse certo no final. Músicas celtas melancólicas eram as que me confortavam naqueles momentos em que pensei estar ficando louco.
Mas é como tudo na vida: Você deve passar, enfrentar e não deixar que aquilo te destrua. Decidi encarar a realidade e, três dias depois, entrei novamente no MSN. Letícia já era passado. Pelo menos, tentava eu pensar assim...
Logo que apareci online no mensageiro, uma mensagem de saudações. E logo dela...
Respondi um tanto quanto seco e fui surpreendido com toda a preocupação da moça pelos dias que não tinha entrado e tampouco me comunicado. Inventei a desculpa de uma gripe que havia me deixado de molho. Recebi votos de melhoras, mas novamente fui indagado e surpreendido com um uma pergunta:
- Você quer me ver?
Como assim? Para que a moça queria me ver se estava namorando? Seria eu tão bom amigo assim...
- Você foi um amigo muito bom que conheci durante todos esses meses. Estou indo para Sampa fazer um bate-volta com o Breno e eu queria conhecer você e, também apresentar meu novo namorado, que estou gostando tanto que já penso em me casar...
Quem sabe a gente não pode colocar assuntos em dia e desvincular um pouco do mundo virtual? Ano passado mesmo eu conheci uma das minhas melhores amigas hoje, num cenário parecido com o nosso...
Foi um choque, um baque! Não sabia o que responder, o que dizer e muito menos o que pensar. Ora, se por ventura eu dissesse “não”, teria de explicar o por que. E se concordasse, teria de ser mais frio do que cobra em caçada na mata. Estava sentado, mas sentia que se levantasse, os joelhos tremeriam tanto que não agüentariam meu peso...
Perguntei qual era a idéia.
- Penso em ir daqui dois dias pra aí, ficar em qualquer hotel barato (vida de estudante não é fácil) e passar 2 ou 3 dias, dependendo do meu dinheiro e do dinheiro do Breno. E se você quiser, pois quero muito, podemos nos conhecer, finalmente. O que acha?
Novamente fiquei sem resposta. O tic-tac do relógio me perturbava enquanto buscava uma solução ou resposta. Enquanto isso, enrolava-a perguntando aonde poderíamos nos encontrar. Eu, ela e o maldito Breno.
- Em qualquer lugar, amigo.
Amigo?
- Pode ser até mesmo no Hotel, se você não se importar...
Nossa, a dificuldade financeira deles deveria ser tão grande que, me chamaram para o hotel. Comecei então a reparar alguns defeitos, como essa atitude infeliz. Enquanto observava a cena, novamente fui interrogado:
- Vamos?
Não tinha mais saída. Eu, ao mesmo tempo que estava muito iludido, gostava da moça como pessoa, afinal, foi assim que a tinha conhecido... De qualquer forma, meu jeito masculino, não me deixaria transparecer qualquer coisa que me fizesse inferior ou sentimental demais perto dos outros. Então, topei.

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