Para refletir...

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sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

A fruteira do vizinho é sempre melhor que a nossa




Você já deve ter visto ou até mesmo passado por uma situação de comparação. Negativamente ou positivamente, algo do gênero já aconteceu em sua vida, de forma passiva ou ativa, não é mesmo?
Pois bem, reparando fato a fato, podemos observar que nunca estamos satifeitos com o que tempos e, muitas vezes nem com o que somos. O vizinho é sempre melhor e você sempre almeja ser como ou mais que ele.
Se tem cabelo liso, quer chacheá-lo; Se o olho é claro, gostaria de olhos escuros; Se é branco, gostaria de uma pele morena; Se é alto, gostaria de ter menos tamanho... E por aí poderia ser listada uma infinidade de qualidades e características ilustrando o que um ou outro deseja modificar.
Eu, particularmente, tenho que me incluir no grupo dos insatisfeitos. Não moralmente ou psicologicamente, pois gosto muito do ser exótico que sou. Mas tenho que ser franco com você, caro amigo: Eu nunca estou satisfeito com o que tenho.
Se me falta mulher por algumas horas, sinto falta. Se há muita, desejo paz. Quando namoro, após a primeira semana, já consigo observar o que poderia ser um pouco (ou muito) melhor -ok, exagero, antes que comecem a me xingar por aqui mesmo-.
Se estou com muitas pessoas a minha volta, quero um pouco de provacidade. Se tenho a privacidade então, quero todos a minha volta me bajulando.
Quando compro um carro novo, na semana seguinte, já penso que poderia ter esperado alguns dias e pego algo melhor.
As crianças mesmo são um grande exemplo disto: Você já deve ter visto uma criança usar mil vezes um enxaguante bucal na casa do amigo, quando vai dormir e, em casa não escovar nem o dente, não é mesmo? Ou preferir a banana da casa do colega, pois a de casa não é tão gostosa quanto. O detalhe é que ambas as frutas são compradas no MESMO lugar.
E comida de vó, uma vez por semana, que é muito melhor que comida de mãe? Ora, então só aprendemos a cozinhar quando somos a primeira das três últimas gerações da família?
Até mesmo os adultos. Reparam na televisão do amigo ou naquele cooler dentro do quarto dele.
As mulheres então, talvez batam recordes nisso. Qualquer sapato, roupa, alfinete ou o bobbe de cabelo da amiga é motivo para a fazê-la querer ter um igual ou, quem sabe melhor.
Esses dias mesmo, decidi parar em uma lanchonete famosa de hamburguers, vulgo Burguer King. Como não costumo comer fast food e, quando como é um fato raro como o cometa Harley, decidi me esbaldar com um triplo sanduíche, queijo extra, batatas fritas tamanho grande, molhos, sobremesa gelada e refrescante (leia-se aqueles sorvetes que tranquilamente serviriam duas pessoas normais) e um lindo (e grande) copo ala 500ml de refrigerante. Uma verdadeira lambança que me gerou empanturramento momentâneo.
Sai da lanchonete e decidi andar uns quarterões a pé para ver se melhorava um pouco a digestão. Aliado ao meu eterno companheiro efervescente, popularmente conhecido como Sal de Frutas, caminhava tranquilamente nas lindas ruas de São Paulo.
Foi quando metros a frente, avistei uma outra lanchonete famosa, conhecida por Mc Donald's. Aquele amarelo e vermelho do logotipo brilharam em meus olhos. Bateu um arrependimento por não ter ido lá e optado por seu concorrente. Mas oras, eu tinha tido momentos de prazer engordurante minutos antes. Porque então almejar um outro lugar possívelmente melhor? Simplesmente porque a fruteira do vizinho é melhor e, nunca estamos satisfeito com o que temos.
Naquele estado deplorável de má digestão, não abri mão. Adentrei e repeti a dose com lanches de nomes diferentes e, ingredientes iguais. O resultado, você já deve ter imaginado. Uma noite inteira de má digestão e dores abdominais...
Um amigo mesmo esses dias, ganhou um carro de aniversário e, de quebra uma namorada morena maravilhosa. Uma semana depois, encostou na esquina de casa com uma outra garota loira na garupa de uma grande moto. Perguntei assustadamente o que havia ocorrido.
- Nada, apenas decidi inovar. Me cansei do carro e a Lisbela já não era meu tipo. E como vi Johnny andando de moto, decidi aliar-me.
Meu Deus! Freneticamente mudando, estamos nós dia-a-dia. E essas mutações, desde muito antes fazem que com achemos que o vizinho é sempre melhor.
Importante mesmo não é mudar ou permanecer o mesmo, mas é não perder sua própria identidade e acima de tudo ser feliz... Afinal, sem felicidade, não há caminho que nos leve à satisfação.

Marcelo Sendon

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