Para refletir...

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sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Lata de Sardinha

Mais um passou e nem ao menos parou.

Realmente está cada vez mais difícil pegar um ônibus na cidade de São Paulo. A população cresce e, os novos antigos meios de transporte cada vez mais ficam ineficazes para o consumo. E é comum ver pessoas dentro de um ônibus comentando exatamente isso. Mas... Definitivamente o pior não é isso...

“Menina, você não sabe o que o meu marido fez noite passada, foi, foi...” E como se já não fosse o suficiente, a outra ainda responde... “Mas como assim? O que ele fez de tão bom?” É realmente incrível ver como pessoas que nem ao menos se conhecem podem deixar tão explícita sua vida pessoal. Acho que é a simples tensão de pensar que estamos em uma verdadeira lata de sardinha... Presos e esperando para desembarcar. Isso, quando o maldito sinal está quebrado, desligado ou, de tão cheio o ônibus, fica impossível solicitar a parada e, você é obrigado a descer no ponto seguinte ao desejado. Além é claro, de bater recordes da palavra licença que nem sempre é compreendida.

Seria muito bom que alguém pudesse segurar sua mala de 15 kg enquanto você se espreme todo no corredor para dar passagem. Mas isso nem sempre acontece. E, quando acontece, a pessoa sempre puxa um papinho com você, bem naquele dia que você quer apenas ficar calado após um longo dia e, até prefere carregar 30 kg em pé.

Nem pense em ônibus em dia de chuva. Acredito que se a distância muitas vezes fosse menor, muitos iriam preferir chegar encharcados no destino do que passar por toda aquela aglomeração em um lugar totalmente fechado, onde você mais respira vapor quente, vindo da narina de 90 pessoas do que o próprio oxigênio vital.

E quem nunca passou por algum literal aperto ou vontade de ir no banheiro e, ao mesmo tempo, uma forte pressão, apertando sua barriga sobre os ferros de apoio dentro do maldito? Todo bom cidadão, já passou por isso.

Oras você torce tanto para o ônibus explodir, que um jogo entre Palmeiras e Corinthians chega a ficar totalmente sem torcida. Talvez seja por esse motivo que comprovadamente as pessoas estão cada vez mais vivendo menos e menos... Declinada cada vez mais suas vidas... Também, pudera, né?

“Bom dia!” – Ouvi. No impulso e ainda dormindo em plenas 6 da manhã, respondi. “Bom dia!” – E, para a minha surpresa a frase continuou: “Pessoa, desculpe estar interrompendo sua viagem, pessoal, é que eu “truxe” para vocês o mais novo chocolate da Nestlé é que todinho feito de leite de primeira qualidade...” – Por aí continuou. Até estranhei e pensei que estavam vendendo pessoas pela repetitividade de tal palavra do gênero. Comprei. 3 por 1 real. Fazia tempo que não comia chocolate... Mas... Felicidade de pobre dura pouco... Um menino gulosinho começou a observar meu chocolate... Em olhos reluzentes, a mãe percebeu o interesse do filho e, me pediu. Fiquei com raiva e ao mesmo tempo pena. Dei o chocolate que restava. Para meu agrado, a criança deu uma mordida e depois jogou o resto pela janela.

Tive um longo dia de trabalho e voltei para casa. No dia seguinte, ao acordar, pensei mil vezes no que fazer para evitar todos esses transtornos. Coloquei uma lata de sardinha na mochila, junto com algumas pastas. Então, dei a tacada de mestre e, ao abrir a linda latinha de sardinha em um ônibus num dia chuvoso e abafado, a lata de sardinha então, abriu-se.


Marcelo Sendon

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