Para refletir...

Para refletir...

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

"As pessoas estão mais preocupadas com o - Ter - do que em - Ser -"




Hoje, andando pelas ruas de São Paulo, comecei a refletir sobre alguns aspectos que, provavelmente ao meu ver, estão invertidos e errados, porém anexados a uma sociedade pós-moderna, em plena terceira revolução industrial.
Pensei em escrever, mas logo desisti. Temas complexos realmente me fazem escrever abundantemente e, sem conclusão alguma. Aliás, os pensamentos podem ser até bons e coerentes, mas no papel, sem uma grande teoria, tornam-se um tanto quanto vagos e pífios.
Voltei para casa, peguei o meu Douritos e uma pequena cumbuca de molho barbecue. Sentei na frente da televisão, como poucas vezes faço, e vi-me diante de um tema muito interessante que, ia de embate com o que eu estava anteriormente, horas antes: A inversão de valores, papéis, exigência e subordinação na atualidade. E, foi neste programa que vi a frase e título o que estou escrevendo, dita por um psicólogo com idéias interessantes que esqueci o nome. (Esse esquecimento repentínuo comprova a teoria dele e, de quebra, a minha também.)
Ora, ora, meu caro. Você já deve estar cansado de ouvir que as coisas estão, pouco a pouco, invertendo seus reais valores. Mais quais coisas e, que valores? Seria possível instituir valores corretos e errados a algo? Provavelmente, não. Pelo menos, não em um senso geral. Todavia, pode-se definir o errado, como algo que atinge alguém ou faz mal a si mesmo (e, leia-se si mesmo, não apenas o que lhe afeta de maneira explícia, mas implícita também. Confuso? Você vai entender ao decorrer deste...)
Valores, por sua vez são conceitos estipulados por uma sociedade ou grupo com uma específica cultura. Logo, não há um valor exato para cada situação em âmbitos gerais.
É realmente assustador ver como estamos emergidos em tanta loucura, tanta displiscência, tanta auto-subordinação, tanta subordinação em geral.
Exigem de jovens coisas que, provavelmente jamais exigiriam a alguns anos atrás. E estes mesmos que exigem, provavelmente nunca obtiveram esses êxitos que estão exigindo. E, se tiveram, já são pertencentes (pelo menos grande parte) a essa alienação toda.
Exigem que ele seja esbelto, tenha músculos rígidos e definidos, barriga estilo tanque, cabelo bem arrumado, roupa de grife e perfume marcante.
Dela, exigem um corpo com voltas estruturais e sem gordura aparente. Uma bela roupa famosa, uma sandalha ou sapatilha exorbitantemente cara e um cabelo hiper descolado.
Exigem de ambos, que sejam bem aprimorados, sábios, cultos e irreparáveis no mercado de trabalho, no colégio, no curso, na igreja, na vizinhança. Promovem cursos. Os fazem adquirir conhecimento sobre o que querem, sobre o que não querem, sobre o que vão usar, sobre o que não vão usar e muito mais. Transformam-os em verdadeiras máquinas. Porém, esquecem que até mesmo um computador, com sua alta tecnologia, quando sobrecarregado, começa a exibir falhas e travar. Isto porque, estamos de fato, falando de uma máquina feita para servir.
Exigem que eles se destaquem em meio a uma juventude extremamente patética e sem a mínima inocência e, tampouco sensatez. Garotas se vulgarizando pra chamar atenção; Garotos que acham que sua real afirmação é diante de uma vida "cool" e desregrada.
Festas, agitação, vida atribulada, cheia de compromissos... Pessoas que doam seus corpos sem o mínimo amor. Pessoas que não conseguem enxergar um pouco de simplicidade na palavra "sentir"... Malditos! Vocês acabaram com os bons sentidos. Não se consegue mais ouvir coisas belas, dizer coisas belas, saborear coisas gostosas, sentir cheiros especiais. Nada disso. Tudo foi jogado, destroçado, dismiunçado e desperdiçado em meio a este inferno. E aonde tudo isso vai parar? E é engraçado como ainda muitos afirmam com total certeza que fazem porque gostam. NÃO! O ser humano não nasceu para isso. Você está, sem perceber, sendo enganado por uma massa de insanidade. Todos viraremos pó e, nada mais do que isso. Talvez, viver intensamente, não seja sinônimo de aproveitar as grandes coisas, mas aproveitar momentos sinceros, onde aquela palavra que disse que esqueceram (você, por fazer parte de tanta correria, provavelmente até já esqueceu qual é e vai ter de voltar para reler este parágrafo)realmente faz valer o seu tão lindo significado dígno de lágrimas de felicidade.
Querem que todos sejam exemplos a serem seguidos... Mas exemplos de que? De pessoas loucas, desvairadas e submetidas a uma subordinação alheia de um princípio que apenas supre as necessidades de um sistema frio, incompreensível e patético?
E sabe qual o pior? Eu, você e todos, acabamos seguindo esse preceito imposto. Não damos o devido valor a vida e a nós mesmos. Nos transformamos em robôs prontos para obedecer ordens e programados para fazer e acontecer. Deixamos a humanidade alheia de lado e, o pior, deixamos a nossa própria humanidade de lado.
Conseguimos dinheiro, mulheres, vida social e perdemos saúde, pessoas, tempo, sonhos... E é provável que muitos tenham em mente, como sonho, um carro esportivo de 7,7 milhões de dólares (como o Bugatti Veyron com motor 16.4 que bate mais de 400km/h que nem ao menos é totalmente aproveitado), mas se esqueçam de sonhar com um beijo e um abraço apertado num dia frio e nublado, onde tudo fica em silêncio com apenas o ruído do vento gelado e, de fato, conseguimos refletir sobre algumas coisas que deveríamos levar mais em consideração...

Talvez, como afirmam alguns sociológicos conhecidos e consagrados (porém muitas vezes utópicos), devêssemos mesmo é recuar para uma vida primitiva. Muito seria evitado...

Pense: Não é preciso "ter" ou "ter de ser" para alcançar o real êxstase, mas sim "ser" o que verdadeiramente é, deixando em lado os princípios que alguém impôs a você.

Marcelo Sendon

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